- Mateus e eu fomos de carona com o meu compadre Marcos para São Jose dos Campos. Estranhei o barulho que fazia a noite na Avenida Iguape, onde minha sogra morava. Já tinha me acostumado com o sossego do sítio para dormir. Ficamos oito dias lá na minha sogra e numa das noites assistimos um filme que a Camila alugou, muito intrigante: O Stigmata.
Belo Quinto, uma fictícia cidade no sudeste do Brasil, recebe a visita do padre Andrew Kiernan, que foi mandado pelo Vaticano para investigar uma igreja que tem a estátua de uma santa que verte lágrimas de sangue. Lágrimas estas que começaram no dia em que o padre Paulo Almeida, o responsável pela igreja, morreu. Enquanto Kiernan fotografava a estátua, que sangrava, um garoto furta um rosário que estava junto do corpo do falecido e vende o terço para uma turista, que por sua vez manda de presente para Frankie Paige, sua filha, cabeleireira em Pittsburgh, Estados Unidos. Em pouco tempo, ela passa a ser vítima de "estigmas", chagas idênticas às de Cristo, e Andrew Kiernan o encarregado de investigar o fenômeno. Inicialmente Kiernan descarta a possibilidade dos "estigmas", pois todos os "estigmatizados" são pessoas bastante religiosas e Paige não acredita em Deus. Mas Kiernan vê o suficiente para quebrar os padrões estabelecidos pelo Vaticano, e acredita que se ele não fizer nada, Frankie pode morrer. Gradualmente, ele passa a suspeitar que seu superior, o cardeal Daniel Houseman, não quer que toda a verdade venha tona
- Eu ainda não tinha entendido muito bem aquele filme, mas fiquei pensando na mensagem que ele me passou.
- No dia em que fomos para São José Campos, o Vicente estaria chegando do Rio Grande do Sul, ele e o sobrinho do meu cunhado Nivaldo, o Alexandre, tinham ido tentar receber uma dívida de frutas, ficaram 10 dias lá, mas não conseguiram muita coisa. Só passaram muito frio dormindo na boleia do caminhão, sem poder tomar banho, porque lá não havia chuveiro com agua quente nos banheiros dos postos de gasolina e eles foram com a grana curta.
- Dia 15 e 16 de julho, Vicente e eu tivemos uma briga feia, me aborreci muito com ele, não vou dizer o porque, mas só que para mim, considerei grave. Sai sem rumo e fiquei por algumas horas desaparecida, me escondi na chacará de um amigo. Todos tres lá de casa ficaram muito preocupados, quando eu estava voltando pra casa, encontrei com o Vicente na estrada. Em casa conversamos e acertamos os ponteiros.
- Dia 19 de julho, Vicente estava na casa da Antonieta quando sentiu-se mal e foi para o pronto-socorro, já era angina, (dor torácica, aviso de que algo não vai bem), mas como o médico de plantão era ginecologista, foi diagnosticado como dor muscular. No dia 20, a tarde, ele dizia que sentia ardor no peito, queimar, pedia pra jogar agua nele, mas como eu ainda estava com muita raiva dele, continuei a dobrar as roupas que recolhi do varal. Me pediu para leva-lo até o pronto-socorro. Fomos, afinal eu tinha prometido "ama-lo na saúde e na doença", chegando lá ele foi socorrido pela enfermeira, que pelo telefone recebeu orientações da cardiologista Dra Amárilis. De lá fomos de ambulância para a Santa Casa de Votuporanga, o motorista Zilim, fez em oito minutos o percurso. Ele estava enfartando disse o médico de plantão. Fui chamada para uma conversa com o administrador do hospital, ele me disse que era grave, mas que eles não tinham o remédio que eles precisam e me pediu um cheque de 100,00 para comprarem a medicação. Não me ocorreu na época se isto era um procedimento correto do Hospital, não questionamos nada, quando estamos com um ente querido entre a vida e a morte, só pensamos em salva-lo. Fiz o cheque e fui embora, ele ia ficar internado e não havia mais nada para ficar fazendo ali. Mais de 22 horas, me ligaram e me disseram que ele havia piorado, e que era preciso seguir imediatamente para o Hospital de Base de Rio Preto, por ser um hospital de maiores recursos. Fui para lá com a Elizete esposa do amigo dele, o Adão. Estava sem condições de dirigir. Estavam só me aguardando chegar, foi preciso ir de ambulancia particular ( uma UTI móvel ) com uma enfermeira e a médica cardiologista, a Dra Elizabete do Espirito Santo Cestário. Eu segui atras de carro, com o Vilmar irmão de minha cunhada Vânia, assinei a internação e voltei pra casa, cheguei duas da manhã. Durante todo o tempo em que estive lá, o meu cunhado Donizete ficou falando comigo, por telefone.
- Como já disse não sou uma pessoa que se apavora facilmente, sempre tenho calma, para resolver tudo primeiro e só bem depois é que me permito desabar, então, já deitada na minha cama, pude refletir sobre tudo o que estava acontecendo. Eu havia me casado com um rapaz de 23 anos, que tinha colerostemia (colesterol alto por herança genetica da mãe), que tinha o sangue grosso feito leite conforme o Dr Clovis havia dito, depois de faze-lo repetir o exame de sangue dos exames pre-nupciais 3 vezes. Alguem que tinha a taxa de triclicérides tão alta, a ponto de ter que viver de regime alimentar conforme havia nos dito o Dr Wilson Salgado Filho. Somando-se a tudo isso, o stress que havíamos passado nos últimos anos antes de nos mudar pra Cosmorama. Não podia dar noutra. até que tinha demorado, ele estava com 40 anos e na maior parte do tempo em que estivemos juntos, vivia uma vida sedentária, estressante e comendo tudo o que não devia. "Além de que, todas as doenças são reflexos de mágoas".
- Nos primeiros tempos de casados até que comiamos só arroz integral, pão integral, nada de refrigerante, nem de massas, só carne grelhada, mas depois que as crianças nasceram enjoados de viver de regime, deixamos pra lá, ainda mais, que é muito mais caro viver assim.
- Por sorte não estava gordo, mas emagreceu muito nos dias em que ficou na UTI. No dia em que foi para o exame de cateterismo teve outro enfarte. Eu estava aguardando para entrar para a visita quando o vi passando numa maca. Havia um pouco de sangue nos lençóis, então me senti mal e quase desmaiei. No dia em que tudo começou, por uma infeliz coincidência nosso dinheiro havia acabado. Eu só tinha dois reais na minha carteira, que estava na bolsa. Minha sorte foi poder continuar comprando tudo na venda do tio Elzo e poder contar com o Vilmar, que me levava de carro para as visitas no hospital em Rio Preto.
- Fiquei uns dias na casa da Josy, (prima da minha cunhada Vânia), para economizar, mas tendo dois filhos e uma cachorra, de certo que minha cabeça não ficava totalmente sossegada. Confesso que não consegui dormir e nem rezar. Fui na paroquia menino Jesus de Praga e lá eu sentei e chorei, pensando nas palavras do médico. Ele me explicou que: uma parte do coração havia morrido e que seria possivel que ele piorasse. As primeiras 72 horas seriam perigosas.
- Nossa vizinha Roseli levava comida para a Meg e trocava sua água. Os meninos se viravam conforme dava.
- Lucas teve a iniciativa de pegar o nosso carro e pedir para nosso amigo Adilsom, leva-los no dia da visita para poderem ver o pai. Por conhecidencia, nesse dia 29/7 ele teve alta da UTI e foi para o quarto. Ali no 5° andar ele ficou sob os cuidados da equipe de cardiologia, os doutores: Mauro Esteves Hernandes, Dra Maria Angelica Lemos e Dra Erika.
O Adilsom foi a primeira pessoa com quem eu falei quando voltei da Santa Casa no dia do enfarte, ele foi quem me arranjou o dinheiro para cobrir o cheque do hospital. Segurou na minha mão e disse: "Vai passar, tudo passa e isso também vai passar".
A segunda pessoa com quem eu falei, foi com a Tereza, ela estava na capela Nossa Senhora Aparecida do Bairro da estação rezando junto com outras mulheres, quando eu cheguei e lhe contei o ocorrido. Imediatamente ela juntamente com as outras se puseram a rezar em nosso favor.
- Dia 23, Vicente fez angioplastia e correu tudo bem, seus irmãos Donizete e Maria Antonia e minha sogra vieram de São jose´dos Campos para visita-lo. Donizete chorou junto comigo. Meu cunhado Nivaldo estava internado no hospital em Votuporanga e só piorava, a mãe dele Dona Sofia também estava internada no mesmo hospital, tinha tido um AVC.
- Sempre quando eu vinha de Rio Preto, da visita do Vicente, eu passava direto e ia para Votuporanga visita-los. Meu amigo do grupo de oração Durvalino também estava com o pai , o senhor Antonio internado no mesmo hospital em Rio Preto, então estavamos sempre juntos conversando, indo e voltando juntos do hospital, um dava carona para o outro. Até que o pai dele operou e o Vicente teve alta. Nesse meio tempo a irmã da minha cunhada Vânia, a Vera, estava nas ultimas de um Cãncer (que havia começado no seio) e veio a obito.
Durvalino Burnunssi
Foi um periodo muito doloroso para todos nós. No dia 4 de agosto meu cunhado Nivaldo faleceu e três dias depois o pai dele, o senhor Antônio Tedeski que estava com lepra = hanseníase. Aja coração pra tudo isso, que estava acontecendo. Minha pressão caiu em pleno velório, nossos amigos Sandro e Tania nos levaram pra almoçar na casa deles. Na parte da tarde depois do enterro, descansamos na casa de outro casal de amigos, Joãozinho e Cidinha e jantamos na companhia deles e das filhas: Barbara e Nabíla.
- Nós não fomos ao casamento do nosso dentista o Gureba,( primo da minha cunhada Vânia), mas pelo menos, ficamos felizes por ele e porque finalmente algo bom estava acontecendo.
- Nossos filhos tinham dentista na escola de graça, mas nós, não descuidávamos por causa disso, escolhemos o Gureba para ser o dentista da nossa família, porque ele nos recebeu muito bem em seu consultório.