Pesquisar este blog

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Me sentindo na Terra de Marlboro.



- Logo nos primeiros dias em que eu havia me mudado para o sitio, vi o Vando chegar montado num cavalo, jogando laço nos bois, aquilo foi me dando a sensação de estar na terra de Marlboro. Ele adorava rodeio e era ele quem cuidava das coisas do sítio. Pouco tempo depois veio o  irmão dele mais novo, brincando jogou o laço no bezerro, e este caiu e quebrou a pata, tendo que ser amputada. Agora dez meses depois ele ia ser sacrificado, tadinho. Era muito triste, ele ter esperado tanto tempo pra morrer do mesmo jeito.
- Durante a recuperação do Vicente, muita gente rezou por ele. Ele também recebeu muitas visitas dos nossos amigos e parentes, mas uma em especial que foi a de sua professora Dona Cida, (ela chegou a morar na casa dele, quando mocinha, assim que chegou para lecionar em Cosmorama).  Dona Cida trouxe tres exemplares de uma revistinha, que  chamou muito minha atenção, eram elas: Mundo Ideal, Fraternidade e Pomba branca, todas da Seicho-No-Ie.
- Depois da recuperação do Vicente em setembro, ele e a irmã resolveram tentar seguir com os negócios, embora meu cunhado tivesse levado todos os segredos do ramo de atravessador com ele para o túmulo. Três anos antes de morrer, ele já sabia, mas não fez nenhum preparo antes, para sua sucessão nos negócios. Pelo contrario, me lembro da minha cunhada perguntando pra ele, o que ia ser dela e da filha sem ele e a resposta foi: "Vocês não são quadradas, vocês se virão".
- Em  setembro eles começaram a fazer negócios. Visitamos os pomares  de laranjas e as parreiras de uvas que estavam a coisa mais linda. É muito bonito de se ver o cuidado que os produtores tem com elas, eles penteiam os cachos.


sábado, 17 de outubro de 2015

Infarto, mortes e o apoio que recebi dos amigos.



- Tivemos uma conversa com os nossos filhos para comunicar a nossa decisão de ter outro filho, eles adoraram a ideia de ter mais um irmão, com tanto que não ficasse no mesmo quarto do Mateus , foi o que ele disse. Quanto a isso, estávamos tranquilos, na casa nova tinham três quartos. Quando eu estava com 36 anos antes de descobrir que era um pólipo o que eu tinha, eles estavam na torcida de que fosse um bebê. Agora  eu estava com 38 anos. O Vicente tinha feito vasectomia quando o Mateus nasceu, então teríamos que ter um pouco mais de trabalho para poder reverter esta situação, mas estávamos, dispostos a tentar o que fosse preciso.


- Mateus e eu fomos de carona com o meu compadre Marcos para São Jose dos Campos. Estranhei o barulho que fazia a noite na Avenida Iguape, onde minha sogra morava.  Já tinha me acostumado com o sossego do sítio para dormir. Ficamos oito dias lá na  minha sogra e numa das noites assistimos um filme que a Camila alugou, muito intrigante: O Stigmata.


https://www.youtube.com/watch?v=CfG_DqMapTM


Belo Quinto, uma fictícia cidade no sudeste do Brasil, recebe a visita do padre Andrew Kiernan, que foi mandado pelo Vaticano para investigar uma igreja que tem a estátua de uma santa que verte lágrimas de sangue. Lágrimas estas que começaram no dia em que o padre Paulo Almeida, o responsável pela igreja, morreu. Enquanto Kiernan fotografava a estátua, que sangrava, um garoto furta um rosário que estava junto do corpo do falecido e vende o terço para uma turista, que por sua vez manda de presente para Frankie Paige, sua filha, cabeleireira em PittsburghEstados Unidos. Em pouco tempo, ela passa a ser vítima de "estigmas", chagas idênticas às de Cristo, e Andrew Kiernan o encarregado de investigar o fenômeno. Inicialmente Kiernan descarta a possibilidade dos "estigmas", pois todos os "estigmatizados" são pessoas bastante religiosas e Paige não acredita em Deus. Mas Kiernan vê o suficiente para quebrar os padrões estabelecidos pelo Vaticano, e acredita que se ele não fizer nada, Frankie pode morrer. Gradualmente, ele passa a suspeitar que seu superior, o cardeal Daniel Houseman, não quer que toda a verdade venha tona

- Eu ainda não tinha entendido muito bem aquele filme, mas fiquei pensando na mensagem que ele me passou.
- No dia em que fomos para São José Campos, o Vicente estaria chegando do Rio Grande do Sul,  ele e o sobrinho do meu cunhado Nivaldo, o Alexandre, tinham ido tentar receber uma dívida de frutas, ficaram 10 dias lá, mas não conseguiram muita coisa. Só passaram muito frio dormindo na boleia do caminhão, sem poder tomar banho, porque lá não havia chuveiro com agua quente nos banheiros dos postos de gasolina e eles foram com a grana curta.
- Dia 15 e 16 de julho, Vicente e eu tivemos uma briga feia, me aborreci muito com ele, não vou dizer o porque, mas só que para mim, considerei grave. Sai sem rumo e fiquei por algumas horas desaparecida, me escondi na chacará de um amigo. Todos tres lá de casa ficaram muito preocupados, quando eu estava voltando pra casa, encontrei com o Vicente na estrada. Em casa conversamos e acertamos os ponteiros.
- Dia 19 de julho, Vicente estava na casa da Antonieta quando sentiu-se mal e foi para o pronto-socorro, já era angina, (dor torácica, aviso de que algo não vai bem), mas como o médico de plantão era ginecologista, foi diagnosticado como dor muscular. No dia 20, a tarde, ele dizia que sentia ardor no peito, queimar, pedia pra jogar agua nele, mas como eu ainda estava com muita raiva dele, continuei a dobrar as roupas que recolhi do varal. Me pediu para leva-lo até o pronto-socorro. Fomos, afinal eu tinha prometido "ama-lo na saúde e na doença", chegando lá ele foi socorrido pela enfermeira, que pelo telefone recebeu orientações da cardiologista Dra Amárilis. De lá fomos de ambulância para a Santa Casa de Votuporanga,   o motorista Zilim, fez em oito minutos o percurso. Ele estava enfartando disse o médico de plantão. Fui chamada para uma conversa com o administrador do hospital, ele me disse que era grave, mas que eles não tinham o remédio que eles precisam e me pediu  um cheque de 100,00 para comprarem a medicação. Não me ocorreu na época se isto era um procedimento correto do Hospital, não questionamos nada, quando estamos com um ente querido entre a vida e a morte, só pensamos em salva-lo. Fiz o cheque e fui embora, ele ia ficar internado e não havia mais nada para ficar fazendo ali. Mais de 22 horas, me ligaram e me  disseram que ele havia piorado, e que  era preciso seguir imediatamente para o Hospital de Base de Rio Preto, por ser um hospital de maiores recursos. Fui para lá com a Elizete esposa do amigo dele, o Adão. Estava sem condições de dirigir. Estavam só me aguardando chegar, foi preciso ir de ambulancia particular ( uma UTI móvel ) com uma enfermeira e a médica cardiologista, a Dra Elizabete do Espirito Santo Cestário. Eu segui  atras de carro, com o Vilmar irmão de minha cunhada Vânia,  assinei  a internação e voltei pra casa, cheguei duas da manhã. Durante todo o tempo em que estive lá, o  meu cunhado Donizete ficou falando comigo, por telefone.
- Como já disse não sou uma pessoa que se apavora  facilmente, sempre tenho calma, para resolver tudo primeiro e só bem depois é que me permito desabar, então, já deitada  na minha cama, pude refletir sobre tudo o que estava acontecendo. Eu havia me casado com um rapaz de 23 anos, que tinha colerostemia (colesterol alto por herança genetica da mãe), que tinha o sangue grosso feito leite conforme o Dr Clovis havia  dito, depois de faze-lo repetir o exame de sangue dos exames pre-nupciais 3 vezes. Alguem que tinha a taxa de triclicérides tão alta, a ponto de ter que viver de regime alimentar conforme havia nos dito o Dr Wilson Salgado Filho. Somando-se  a tudo isso, o stress que havíamos passado nos últimos anos antes de nos mudar pra Cosmorama. Não podia dar noutra. até que tinha demorado, ele estava com 40 anos e na maior parte do tempo em que estivemos juntos, vivia uma vida sedentária, estressante e comendo tudo o que não devia. "Além de que, todas as doenças são reflexos de mágoas".
- Nos primeiros tempos de casados até que comiamos só arroz integral, pão integral, nada de refrigerante, nem de massas, só carne grelhada, mas depois que as crianças nasceram enjoados de viver de regime, deixamos pra lá, ainda mais, que é muito mais caro viver assim.
- Por sorte não estava gordo, mas emagreceu muito nos  dias em que ficou na UTI. No dia em que foi para o exame de cateterismo teve outro enfarte. Eu estava aguardando para entrar para a visita quando o vi  passando numa  maca.  Havia um pouco de sangue nos lençóis, então me senti mal e quase desmaiei. No dia em que tudo começou, por uma infeliz coincidência nosso dinheiro havia acabado. Eu só tinha dois reais na minha carteira, que estava  na bolsa. Minha sorte foi poder continuar comprando tudo na venda do tio Elzo e poder contar com o Vilmar, que me levava de carro para as visitas no hospital em Rio Preto.
 - Fiquei uns dias na casa da Josy, (prima da minha cunhada Vânia), para economizar, mas tendo dois filhos e uma cachorra, de certo que minha cabeça não ficava totalmente sossegada. Confesso que não consegui dormir e nem rezar. Fui na paroquia menino Jesus de Praga e lá eu sentei e chorei, pensando nas palavras do médico. Ele me explicou que: uma parte do coração havia morrido e que seria possivel que ele piorasse. As primeiras 72 horas seriam perigosas.
- Nossa vizinha Roseli levava comida para a Meg e trocava sua água. Os meninos se viravam conforme dava.
- Lucas teve a iniciativa de pegar o nosso carro e pedir para nosso amigo Adilsom, leva-los no dia da visita para poderem ver o pai. Por conhecidencia, nesse dia 29/7 ele teve alta da UTI e foi para o quarto. Ali no 5° andar ele ficou sob os cuidados da equipe de cardiologia, os doutores: Mauro Esteves Hernandes, Dra Maria Angelica Lemos e Dra Erika.
 O Adilsom foi a primeira pessoa com quem eu falei quando voltei da Santa Casa no dia do enfarte, ele foi quem me arranjou o dinheiro para cobrir o cheque do hospital. Segurou na minha mão e disse: "Vai passar, tudo passa e isso também vai passar".
A segunda pessoa com quem eu falei, foi com a Tereza, ela estava na capela Nossa Senhora Aparecida do Bairro da estação rezando junto com outras mulheres, quando eu cheguei e lhe contei o ocorrido. Imediatamente ela juntamente com as outras se puseram a rezar em nosso favor.
- Dia 23, Vicente fez angioplastia e correu tudo bem, seus irmãos Donizete e Maria Antonia e minha sogra vieram de São jose´dos Campos para visita-lo. Donizete chorou junto comigo. Meu cunhado Nivaldo estava internado no hospital em Votuporanga  e só piorava, a mãe dele Dona Sofia também estava internada no mesmo hospital, tinha tido um AVC.
- Sempre quando eu vinha de Rio Preto, da visita do Vicente, eu  passava direto e ia para Votuporanga visita-los.   Meu amigo do grupo de oração Durvalino também estava com o pai , o senhor Antonio internado no mesmo hospital em Rio Preto, então estavamos sempre juntos conversando, indo e voltando juntos do hospital, um dava carona para o outro. Até que o pai dele operou e o Vicente teve alta. Nesse meio tempo a irmã da minha cunhada Vânia, a Vera, estava nas ultimas de um Cãncer (que havia começado no seio) e veio a obito.


                                                                 Durvalino Burnunssi


Foi um periodo muito doloroso para todos nós. No dia 4 de agosto meu cunhado Nivaldo faleceu e três dias depois o pai dele, o senhor Antônio Tedeski que estava com lepra = hanseníase. Aja coração pra tudo isso, que estava acontecendo. Minha pressão caiu em pleno velório, nossos amigos Sandro e Tania nos levaram pra almoçar na casa deles. Na parte da tarde depois do enterro, descansamos na casa de outro casal de amigos, Joãozinho e Cidinha e jantamos na companhia deles e das filhas: Barbara e Nabíla.


- Nós não fomos ao casamento do nosso dentista o Gureba,( primo da minha cunhada Vânia), mas pelo menos, ficamos felizes por ele e porque finalmente algo bom estava acontecendo.


                                                                            Gureba


- Nossos filhos tinham dentista na escola de graça, mas nós, não descuidávamos por causa disso, escolhemos o Gureba para ser o dentista da nossa família, porque ele nos recebeu muito bem em seu consultório.

Ai que saudades do bolinho caipira do Vale do Paraíba!



- Lucas começou a trabalhar na serralheria do nosso amigo Adilsom, lá ele aprendeu a soldar com perfeição. Em casa ele se divertia falando no PX. Toca do tatu era seu codinome.

- Nas quermesses de Cosmorama uma frustração, não faziam bolinho caipira, estes são parte de uma tradição só do Vale do Paraíba. Não achei graça nenhuma nesse tipo de quermesse. Embora o frango com guariroba (uma espécie de palmito) servido na quermesse seja muito gostoso. Quando eu era criança, minha mãe era contratada nas festas juninas para fazer os bolinhos. Ela e minha tia Tereza Stabeli aprenderam com o meu avô José. Além do bolinho delas, os mais gostosos que comi foram nas festas juninas do Asilo Santo Antônio e nas festas juninas do  Frederico.

Confira a receita do bolinho de São José dos Campos
- 1 kg de farinha de milho
- 2 xícaras de farinha de mandioca
- 1 xícara de óleo
- Sal
- Água
- 750gr de carne moída
- Cheiro verde
- Orégano
- Tempero de alho
- 2 cebolas

Modo de fazer
Vá misturando os ingredientes um de cada vez. Primeiro a farinha de milho, depois a de mandioca, o óleo e o sal. Em seguida, vá colocando a água aos poucos até a massa ficar lisa e úmida. Enrole-a com cuidado para a massa não rachar. Abra a massa e coloque a carne moída que já deve estar misturada ao cheiro verde, orégano, tempero e cebolas. Faça pequenos bolinhos e frite.

O forte em Cosmorama é o leilão, cujo leiloeiro é sempre o Cutita, as prendas são frango assado, pernil assado e leitão assado.



Filhos obedientes, o que mais posso querer?



- Um dia, quando resolvi dar uma olhada nas partes do meu guarda-roupa que estavam desmontadas atrás do guarda roupas  dos meninos, levei um susto, a agua do banheiro que estava escorrendo por baixo da parede,  umedeceu o madeiramento danificando a parte de cima e a de baixo, tive vontade de chorar. Antes de nos mudarmos para lá, tínhamos acabado de comprar o guarda-roupa, aí que raiva.
- Por uns dias, comecei a sentir um cheiro horrível de bicho morto dentro de casa, Vicente e Lucas olharam até em cima do telhado, mas não acharam nada. Eram dois sapos mortos dentro do cano. O cheiro vinha pelo ralo do banheiro. Por não haver rede de esgoto, a agua do banheiro escorria direto para a rua e foi por lá que les entraram. Vicente colocou uma telinha de arame na saída do cano, para não acontecer mais isso.
- Nossos meninos e os amigos: André e Bruno, começaram a amadurecer uma ideia de formar uma banda.
- Dia 29 de Abril, aniversario do nosso filho Lucas, nasceu a Rafaela Cristina Fonseca Gonzales, filhinha do Vando e Sandra.
- Dia 10 de maio, no dia do aniversario do Mateus, os amigos dele vieram acorda-lo, tiraram ele da cama, levaram pro meio da rua e jogaram ovo e farinha nele. Percebi que ele ficou muito puto da vida com aquilo. Sentado no chão, depois do ocorrido, parecia desolado.
- De nos ele quis ganhar um skate. E mesmo Cosmorama sendo uma cidade quase que toda plana, ele começou a fazer suas manobras. Costumava ir na rua do cemitério, que era onde tinha um pouco de declive.
- Dia 15 de maio Tereza e eu estávamos passando nas casas do Bairro da Estação, para levar uma benção, quando o casal: Joãozinho e Delurdes, passaram por nós.




 Eles estavam coletando doações para o churrasco do nosso circulo de casais do ECC, do qual Vicente e eu faziamos parte. Falei que fossem lá em casa e pedissem para meus filhos, uma lata de leite condensado, que eu tinha mandado pegar. Eles foram, mais meus filhos não entregaram. Quando cheguei em casa e  perguntei se eles haviam entregado, eles disseram que não. Disseram que como não sabiam se era verdade, não entregaram. Afinal eu tinha orientado os dois, a nunca entregar nada pra ninguém, que batesse em casa e dissesse que eu, ou o pai deles havia mandado entregar. Gostei de ver, agiram corretamente, isso me fez sentir orgulho da obediência deles.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Me incomoda sim, a maneira como as pessoas se vestem para ir a igreja, há roupas para todas as ocasiões.

 

- Como catequista eu tinha que orientar minha turminha sobre como se vestir para ir a missa. Estava havendo muitos abusos e apelações. Esta certo que em Cosmorama faz um calor absurdo, mas nada justifica que as meninas possam ir de  blusa com a barriga de fora, tomara que caia, de alcinhas fina, decotada, transparente, saia curta e os meninos de regata, bermuda, chinelo e boné. Tudo isso é um total desrespeito com a casa do Senhor e causa constrangimento ao padre e aos irmãos. Mas infelizmente é assim que as filhas de quem um dia, foi muito reprimida pelo padre Elias, vão a missa naquela cidade, nos dias de hoje. Me contaram que: antigamente,  ele punha pra fora da igreja e avisava que se aparecessem vestidas de forma indecente na igreja, que ele não faria o casamento, enquanto a pessoa não saísse. Certíssimo ele. Tem tantos lugares para ir vestido desse jeito, pra que ir na missa assim? Pra que ser pedra de tropeço para os outros, motivo de levar o irmão a pecar ou atrair a atenção da pessoas para si? Eu admiro muito o respeito com que nossos irmãos evangélicos, costumam ir à igreja, sempre o melhor para Jesus. É preciso saber se vestir, em cada  lugar, é preciso ter coerência. Demonstrar nossa fé também na maneira de vestir. Vestir-se de modo respeitoso também é um ato de fé. Quando vamos nos convertendo, devagar vamos mudando até a maneira de nos portar, de nos vestir, de falar, de pensar e de agir. Ninguém coloca qualquer roupa para ir ao jogo de futebol ou ir a praia ou num velório ou ainda ir trabalhar, para cada lugar é preciso ter uma vestimenta adequada, ter discernimento. Quando você esta  cheio de Deus, você transparece.
- Eu havia me acostumado a me vestir nos últimos 6 anos, de camiseta, jeans e tênis, por estar praticamente todos os dias no interior de uma cadeia. Lá os olhos do presos fazem curvas, rs
Mas confesso que morando em Cosmorama, aos poucos fui me permitindo voltar as usar as roupas que eu usava antes, shorts, saia um pouco mais curta e blusinhas de alças finas.
- A mulherada é muito bonita nessa cidade e não se pode se descuidar não, rs

- Era minha obrigação ensina-los também a se comportar ao chegar, como se portar e o que fazer durante as missas. Se eu não gostar de ficar uma hora na igreja, como irei pretender ficar na eternidade na casa de Deus? A genuflexão quando entramos e quando saímos da igreja e diante da Eucaristia. Dobrar os joelhos e fazer o sinal do pai. Quando de pé bastante seriedade, sentados à vontade e de joelhos adoração. Quando for preciso se inclinar, fazer num gesto de profundo respeito e quando levantar as mãos ter uma atitude orante de súplica e entrega. De mãos postas, recolhimento, busca de Deus no interior.

Uma ponte no fim do mundo.



- Dia 4 de Abril fomos conhecer a ponte Paraná na divisa do Mato Grosso. Em cima passam os carros, em baixo o trem e na agua os barcos.


- Nesse dia nos quase morremos de sede. Estava um calor insuportável e não tinha nenhum lugar pra beber água. Nenhum lugar habitável por perto. Foi traumático. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Eu me sentia regredindo mil anos morando em Cosmorama.

 

- Ensinamos o Vando a rezar o terço e ele depois ensinou seu irmão Dilim. A Sandra mulher dele  veio passar uma tarde comigo, enquanto eles trabalhavam. Lucas instalou um som no carro deles.
- O trabalho do Vicente além de dirigir o caminhão, levar a pionada e acompanhar a colheita das frutas, também era concertar a cerca, concertar a bomba d'água, aplicar veneno nas formigas que atacavam as plantações, passar veneno nas pragas, um verdadeiro faz tudo. No sítio, nos não pagávamos aluguel, agua, luz nem telefone e ainda tínhamos frutas e leite a vontade. Nossas compras nós fazíamos na venda do tio Elzo, ( irmão da minha sogra ), marcando numa cadernetinha e pagávamos por mês. Lá tinha praticamente tudo, só uma coisa ou outra é que era preciso comprar no super mercado ou ir para Votuporanga pra comprar. A cidade só tinha 7 mil habitantes e uma única praça, a da matriz, algumas lojas de roupas e na maioria bares, não haviam prédios ou semáforo. Quando morria alguém passava um carro anunciando numa caixa de som.
- As colheitas eram cada hora de uma fruta diferente, abacate, laranja, coco, uva, melancia, conforme a fruta da época, etc. Depois era carregar os caminhos e envia-las aos seus destinos.
- Para me distrair um pouco, me matriculei na Jbyte, uma escola de computação.
 - Cinco meses morando em Cosmorama, e eu me  sentia de coração apertado, era falta dos amigos, estava adorando o contato com a natureza e proximidade com Deus, mas me sentia de asas cortadas. Não estávamos  mais pretendendo  ir embora dali, embora eu pensasse que regredi mil anos. Escrevi algumas cartas para meus amigos e as vezes ligava e conversava com eles. Agora, o Mateus já estava enturmado, com um grupo de jovens, ali mesmo na Capela da estação. Mas no começo custou a fazer amigos, eu  até andei me preocupando, cheguei achar que ele ia cair em depressão.
Ele até se candidatou a presidente do grêmio.
- O Vicente e os nossos filhos cortavam o cabelo no Cabral, era um salãozinho na rodoviária, ele só cortava de homens, mas pedi para cortar as pontinhas do meu também, gostei tanto que passei a cortar só com ele. Suas filhas eram amigas de nossos filhos.


                                                                   Cabral e família.

Dá muito trabalho e gastos para reformar uma casa. Eu não tinha ideia do quanto.



- Fui conhecer o asilo de Cosmorama, o Sr Plásido me recebeu muito bem  e gostei de tudo que eu vi lá. Tentei trazer a minha mãe quando estive em São Jose dos Campos, mas ela não quis, falou que estava bem lá no asilo Santo Antônio.
- Lucas me pediu conselhos de como fazer, para conquistar uma menina.
Falei sobre fazer o bem, quando nosso coração nos pede, sem esperar retribuição ou reconhecimento.
Expliquei que o mundo é redondo e como tudo que vai, volta, que o bem que a gente faz acaba voltando de outra forma pelas mãos de outra pessoa. A gente faz, e só nos resta esperar que Deus, que tudo  vê, nos abençoe. Também disse que não existe ninguém perfeito e que precisamos relevar a parte ruim , os defeitos daqueles que amamos, aceita-los com defeitos e virtudes.
- Dia 15 de março a Cintia, menina que o Lucas estava gostando fez 15 anos, então ele comprou um buque de rosas e foi entregar no postinho, onde ela trabalhava. Depois disso vários outros meninos fizeram o mesmo gesto carinhoso com outras meninas, acho que se sentiram incentivados a faze-lo.
- Num dia de carnaval, o Senhor falou comigo, ouvi bem claro ele dizer, "Apascenta as minhas ovelhas". Então depois que passou o carnaval, fui procurar as Irmãs Helena e a Irmã Enedina para me oferecer como catequista. Irmã Helena é que coordenava a catequese. Fui aceita de imediato, e incluída num projeto novo do padre Pedro de começar o quanto antes a catequese para os pequeninos. Trigo verde era o nome da minha turminha. Eles tinham a partir de 7 anos. Entre tantos fui catequista do Murilo, filho do melhor amigo do Vicente, o Adão e também das filhas do nosso amigo Adilson. Eu adorava aquelas crianças e tinha total liberdade com a classe.
- Nos tornamos fregueses e amigos do Sandro que vendia cachorro quente na praça. A mulher dele, disse: Vocês compraram aquela casa linda! Sim, nossa casa estava ficando linda, só que as pessoas não tem ideia, do  trabalho que estava dando para deixa-la assim. Um marceneira que não entende o que a gente quer e depois de começado, abandona o trabalho no meio. A fiação que teve que ser inteirinha trocada, os batentes, o forro e o beiral que estavam podres e que tiveram que ser trocados, trincas para serem restauradas, uma fossa para encher de terra e por aí vai.

Em março ganhei uma pulseira de ouro do Vicente, que a muito tempo eu queria. Fiquei tão feliz!

Frustramos as pessoas quando não reagimos conforme elas esperam. Nós sempre criamos expectativas sobre tudo...




- Soltar a Meg e vê-la correr atrás das galinhas de angola era uma farra, era só galinha que voava pra cima das arvores, muito divertido. Para a Meg tudo era bolinha e ela adorava ir buscar manga, laranja, limão, qualquer coisa que a gente jogasse, ela saia toda feliz, correndo para buscar. Vez ou outra vinha toda fedendo por ter rolado na bosta das vacas. O calor era demais então ao invés de pote d'água, eu deixava uma bacia perto dela, quando ela queria se refrescar, entrava dentro.




- No meu aniversario recebi flores e uma cesta de café da manhã, sei que meu marido esperava que eu reagisse de outra forma, mas eu realmente não estava bem, já vinha tendo  muitas dores de cabeça, minha barriga andava muito inchada, sentia muita dor lombar,  (eu reclamava do colchão, que era novo), tudo isso acabou com o clima de romance imaginado. Passei por consulta com o Dr João Carlos Muzetti em Votuporanga, ele pediu ultrassom e foi descoberto uma grande infecção no meu útero, tive que tomar remédios fortíssimos. 


Não impedi o namoro dos primos, pois sei muito bem, o quanto é ruim, ter alguém empatando a vida amorosa da gente.



- Quando voltamos para Cosmorama, minha sogra e a sobrinha Camila, vieram para passar uns dias conosco.



 O Mateus e a Natali estavam namorando escondido, eu sabia, mas não ligava, já tive essa idade e sei que se ligar é pior. Minha sogra falou com ele, que o meu cunhado não estava gostando e que era para ele parar com isso. Eles ficaram uns três meses juntos.
- Andaram matando muitos cães envenenados, durante a madrugada no  bairro da Estação onde morávamos, no ano anterior quase mataram um cão há pauladas. Neste lugar abandonavam  muitos cães e a Celinha (esposa do Luizinho) primo do Vicente, era quem sempre acolhia e cuidava de todos eles. Um verdadeiro anjo.
- Morando no sítio e sem antena parabólica, nossa única distração era alugar filmes e assistir no vídeo cassete, os meninos jogavam videogame.  Algumas vezes fomos pescar no batelão do cunhado Nivaldo, no Rio Grande e no pesque pague do Deoclesio. Definitivamente esse não era o meu passeio preferido, não tenho paciência para esperar o peixe fisgar a isca. Mas no Pesque pague do Senhor Antônio, pesquei três pacu-caranhas. Fritaram lá na hora e comemos, mas depois passei muito mal por causa da ração que os peixes comem.

- Com a diferença do valor da venda da nossa casa que sobrou, acertamos com as pessoas que nos emprestaram dinheiro para podermos nos mudar, nosso amigo Arrigo e meu cunhado Beto. Acertamos também algumas dividas antigas e  compramos moveis para a casa nova, mesa e seis cadeiras, um rack, sofá e uma antena parabólica, tudo o que estávamos precisando e mais matérias de construção para a reforma. Passamos a frequentar a Ciafer em Votuporanga, com frequência, para comprar quase tudo que precisávamos. Conseguimos um ótimo pedreiro, o Senhor Valdecir e um ótimo marceneiro, o Saverio, que fez o armário da cozinha,  uma estante e  uma cômoda.


- A procura de um serralheiro para concertar a grade da casa nova, conheci o Adilson Giolo.
Adilson ( o de azul ) e seus irmãos Miro e Josyane

Ele foi quem nos convidou para integrar a equipe de curso de noivos, (curso de preparação de matrimonio) topamos, logo estávamos dando palestras sobre sexualidade no matrimonio.