Pesquisar este blog

terça-feira, 22 de setembro de 2015

As melhores vizinhas, eram as minhas.



-Morar ali com vizinhas que adoravam brincar com o Lucas era muito bom, quando eu precisava


                                                             Lucas com cinco e seis meses.




sair, sempre pedia para alguém ficar lá em casa, fazendo companhia para minha mãe. Ele foi crescendo forte, saudável, esperto e passando por todas as fases que os bebês passam tranquilamente. apesar de ter tido muita cólica.
 - Quando ele tinha cinco meses, eu comecei a sentir uma dor no braço, que me impediam de fazer alguns movimentos, precisei de ajuda, tentei contratar algumas meninas para me ajudar, mas nenhuma delas eram como as minhas vizinhas. que gostavam dele e de nós também. Nos fins de semana eu pedia para o Vicente ir passear na casa da mãe dele e levar o Lucas, que era para eu poder limpar a casa sossegada.
 -Quando recebi pela primeira vez a visita do nosso amigo Marques, ele teceu um elogio, dizendo: Parabéns! O bebê esta muito bem cuidado. Fiquei muito feliz. Ninguém para pra pensar nisso.Que são na maioria das vezes, as mães que tem todo trabalho. Não temos tempo nem para cuidar de nós, do nosso cabelo, das unhas, comer e tomar banho sossegada, dormir então, nem pensar.

Lucas nasceu de parto normal no Hospital Central em São José dos Campos.



- Nessa foto da Dona Alzira com todas as suas filhas, a de vermelho Geni, era  a única filha casada naquela época, as outras ainda eram crianças e a mais alta da foto, Gilmara ainda não tinha nem nascido. Maria Luíza, a da ponta do lado direito é a que mais esteve junto conosco por muitos anos.
- Seis meses depois depois do nosso casamento, meu cunhado Donizete e Vania se casaram. Nos já tínhamos decidido que iriamos ter um filho, o que não sabíamos é que eu já estava grávida.


A festa do casamento  foi na casa da mãe dela.

- Na primeira tentativa engravidei, eu não sabia, mais no casamento do Donizete com a Vânia, eu já estava grávida. 
- Apesar de ser um sonho de menina ser mãe e ter ficado muito feliz com a confirmação da gravidez, eu vinha  sentido uma grande  insatisfação com a minha vida. Mesmo grávida de três meses, eu estava começando a ficar deprimida. Literalmente batendo a cabeça no batente da porta, porque me encontrava completamente entediada com a rotina doméstica. Minha vida havia se tornado completamente sem graça, porque eu havia deixado coisas como dançar jazz, que eu gostava muito, deixei de ser sósia do clube Associação Esportiva São José e não ia mais à piscina. Por culpa exclusivamente minha mesma, por questões de economia doméstica, evitei gastar com transportes para ir dançar e ir ao clube e fazer essas coisas que eu gostava e com isso perdi muitas amizades. 
 Não vinha ninguém nos visitar. Durante o dia erámos só eu em minha mãe em casa e ela ainda estava com as sequelas do AVC, andava com dificuldades e quase não se entendia o que ela falava. Eu quando solteira, estava acostumada a ter muita gente em casa todos os dias, por minha mãe ter suas clientes de bordado e doces. Além de amigos que vinham sempre nos visitar.
- A noite eu dava aulas no Mobral e uma aluna nos convidou a fazer um encontro de casais do Núcleo São João. Foi o que segurou as pontas naquela época.

-Vicente escolheu o nome de  Lucas. Tudo transcorreu perfeitamente na minha gravidez,  
No final do dia nos sentávamos na cama e liamos passagens da Bíblia. Eu me sentia disposta, bonita, sexy e cheia de vida. Até meus cabelos ficaram mais bonitos.


No nono mês eu estava com 12 quilos a mais, o peso ideal, quem me olhava por trás nem dizia que eu estava  grávida, mas depois engordei mais 3 por conta da ansiedade. Fiz o pré-natal com o médico amigo da família Dr João Cerruti, mas o parto foi feito pelo Dr Nátálio, um médico famoso do Pronval. Era o médico de plantão naquele dia, mas confesso que não gostei, enquanto eu sofria, ele parece que lia uma revista e não teve nenhuma palavra de carinho comigo. Eu tinha sonhado com o meu marido ali junto comigo naquele dia, frustrei-me de novo, ele não pode entrar. A Cidinha prima do Vicente, ( que foi a primeira pessoa da família dele que eu conheci) e meu sogro foram os primeiros a ir nos visitar no hospital. Disseram que ele se parecia comigo. Ao chegar em casa com aquele ser tão pequenininho, apesar de ter lido muito sobre como cuidar de um bebê, confesso que não sabia o que fazer com ele. Eu quase não tive em minha vida, contato nenhum com bebês. Apenas com os meus sobrinhos que eram os  cinco filhos do meu irmão Jose Roberto, que costumavam ir lá em casa, nos fins de semana, quando eu era uma menina.
-Minha sogra e cunhada se revezaram para ir cuidar de mim e me ajudar com o bebê, não sei o que seria de mim sem elas.
- Mesmo procurando cuidar direitinho, um dia ele teve uma assadura horrível, coitadinho. Seu bumbum ficou na carne viva, era por causa do alvejante nas fraldas de pano. Era a mania que se tinha de deixar as faldas branquinhas. Sempre que podia eu usava fralda descartável, mas por ser cara, eu era criticada. Ele também comeu muita comidinha pronta da Nestlé. As mães de primeira viajem ouvem muitos palpites, mas eu só fazia o que eu queria, ninguém mandava em mim. Só escolhia fazer o que o pediatra dizia. O Doutor Carlos Alberto Lopes Martins era um amor de pessoa e passava muita confiança desde o tempo em que o conheci no Pronval.




Foto do Lucas na maternidade, tirada pelo meu compadre Marcos.

domingo, 20 de setembro de 2015

Nosso primeiro animalzinho, foi uma cadela vira-latas, chamada Úrsula.



- Quando deixei de trabalhar no consultório, decidimos que eu não ia trabalhar por hora. Com a aposentadoria do meu pai e da minha mãe,  mais o salário dele de off boy, daria para vivermos muito bem. Ele vendeu o carro e compramos tudo em comida. Passei somente a cuidar da casa, mantendo sempre tudo limpo, arrumado, lavava e passava as roupas, fazia comida. Deixava tudo brilhando, o chão, as panelas, etc. Nossa casa alugada, era bem simples, só três cômodos, sem forro, chão de vermelhão, só tinha um quarto. Um mês antes de me casar, minha mãe tinha passado por uma cirurgia para retirada de uma enorme pedra na bexiga e agora, ainda estava se recuperando. Ela morava com a gente e dormia na sala.
- Através de um amigo, fiquei sabendo que na escola  Otacilia Madureira, estavam precisando de professora, para dar aulas para o Mobral, era num bairro distante, a noite, mas mesmo assim eu fui.


 
- Logo arrumamos uma cadelinha, a principio o Vicente não gostou, por ser fêmea, mas logo se afeiçoou a ela. Era uma alegria poder tê-la conosco. Colocamos o nome dela de Úrsula.




Ela era amarela de olhos azuis, que foram ficando verdes e por fim cor de guaraná.
- Enquanto trabalhei fora, quando chegava em casa, notava que as roupas tinham sido lavadas, estavam no varal e as panelas brilhavam. Estava acreditando que minha mãe estava fazendo tudo aquilo, mas logo descobri, que eram as vizinhas. Ela pedia para uma lavar as roupas e para a outra lavar as panelas. O pior, dizia que se ela não fizesse eu ia brigar com ela. As vizinhas começaram a prestar atenção em mim e procurar ouvir brigas lá de casa, que não existiam. Um dia eu descobri por acaso isso tudo, quando subi num banquinho pra pegar o pozinho de pulgas que ficava guardado rente ao telhado na área de serviço. Quando vi nossas roupas penduradas no varal da vizinha do lado esquerdo. Fui até lá e chamei a vizinha para conversar, mas quem me atendeu foi a filha dela: Geneci, de 8 anos, ela entregou tudo. Contou que a mãe dela lavava as roupas e que a vizinha que dava de fundos com a minha casa, lavava a louça. Fiquei louca da vida, com a minha mãe, era a segunda vez que ela falava mentiras sobre mim para os outros. Por ocasião do começo da doença, falou que eu batia nela, quis ir para o asilo Santo Antônio, foi e quando fui lá, para deixa-la, a freira me chamou e disse: você bate na sua mãe minha filha! Caluniada, fui embora com muita raiva, mas ela passou só uma noite lá e não quis ficar. Voltou pra casa no dia seguinte. Se eu batesse nela, ela ia querer voltar?
 - Acabei por contratar os serviços da minha vizinha Dona Alzira, porque ela era lavadeira.  Me tornei  amiga dela, e dos seus 12 filhos, também  da vizinha do fundo Nilce, que tinha dois filhos: Cristiane e Vaguinho.

- No Mobral, eu tinha alunos de 14 anos e de mais de 60 anos todos na mesma sala.
- Um dia, uma mãe me procurou, queria que o filho com deficiência física estudasse, ele tinha paralisia cerebral, dificuldades na fala e por causa do pés tortos, voltados para dentro, ninguém queria aceita-lo. Aceitei, era meu melhor aluno. 


Entrei confiante na igreja, eu estava feliz! Ele estava feliz também!

Nós tínhamos casado no civil um dia antes e o pai dele, ofereceu um churrasco para os padrinhos, lá na casa dele. Ganhamos uma viajem para Maceió da Mirage Turismo onde o Vicente estava trabalhando. Passagens aéreas e hospedagem. Confesso que fiquei decepcionada com a maneira com que fomos recepcionados, não havia nada de especial no quarto e até as camas estavam separadas. Na  época eu não liguei, mas depois, fiquei bem chateada de não poder dar uma festa com bolo, estourar champagne e cruzar as taças como era o costume. Pelo menos o padrinho Bento (irmão do meu cunhado Beto), emprestou o carro para me levar de noiva, era um galaxie  landau, um arraso de lindo. Depois do casamento saímos nele também, fui embora sem jogar o buquê. Saímos sem chuva de arroz, sem latas amarradas no carro e sem dizeres de batom anunciando os recém-casados, mas enfim sós! "Queria ver como é ser feliz a vida toda com um único Homem". Pois os outros que me desculpem, mas com ele descobri, o que é ter uma relação completa de corpo e alma. Bem, era o que eu pensava naquele momento...


Casamos com essencialmente o básico.


- O meu vestido de noiva foi simples, já que minha minha não pode bordar, como costumava fazer para muitas noivas, também levei pouca coisa de enxoval, o dinheiro estava curto e eu só me preocupei com o essencial: toalhas de banho e rosto, alguns jogos de lençóis e umas duas  colchas , não fui aquela moça que se preparou para casar, fazendo o enxoval ao longo do tempo, como muitas moças, do interior faziam. Não levei um pano de prato novo sequer. As toalhas de mesa, fogão, geladeira e armário, tudo era da minha mãe. O Vicente só tinha conseguido comprar um jogo de quarto sem colchão e um sofá de dois lugares, que ficou guardado um ano na loja. Mas pelo menos, eu comprei minha camisola de núpcias no Mappin em São Paulo. Fomos lá só para isso, era a loja de departamentos  mais chic daquela época. Dora que ia ser minha madrinha de casamento foi comigo e me deu de presente a camisola.



No Hotel de Maceió - durante a lua de mel

Casei me no civil, no dia seguinte ao meu aniversário de 21 anos.

Durante o nosso namoro, "Atração absoluta de contrários, ele calmo, eu explosiva", foi quase que um desafio o de ficarmos juntos. Além do Júlio ( que trabalhava com ele no Banco) e da namorada dele Fatinha, nós quase não tínhamos amigos ou saíamos para  lugar algum, nossa vida era só ir para o motel. eu me arrumava toda , mas ninguém nós via em lugar nenhum, porque bastava a gente se olhar e pronto, a primeira opção era sempre o motel. Havia pouca conversa e muito sexo. Reconheço que isso não era um namoro saudável e correto e não me orgulho disso. Mas quando somos jovens, facilmente confundimos atração sexual com amor. Tínhamos muito ciúmes, um do outro, erámos possessivos. Eu era muito intempestiva, além de ser como toda jovem dramática. Totalmente insegura e continuava muito carente. Tudo isso era fruto da enorme insegurança e da falta de confiança em mim, não acreditava que alguém pudesse me amar. Sentia um medo terrível de ser abandonada. Não me sentia digna de ser amada.
- Quando eu era criança, meu tio Cesar disse, que eu era um grude com quem me dava um pouco de atenção. É verdade, toda criança que não tem um dos pais por perto sempre, fica capenga de afeto.
- Um dia minha mãe se zangou comigo. Eu sai num fim de semana, a deixando  sobre os cuidados da Maria que numa emergência familiar, também acabou saindo,  pouco antes que eu chegasse,  então ela ligou para uma amiga e reclamou de nós, esta amiga falou para meu irmão e ele veio busca-la, para morar com ele e sua família. Isso aconteceu era bem no comecinho da doença e eu tinha que desocupar a casa em que estávamos morando, porque os donos dela, queriam passar para um dos filhos. Eu me vi completamente sozinha, sem nada e sem ter para onde ir, parecia que todas as portas se fechavam para mim. Duas semanas depois ela voltou. A nora não tinha aguentado ficar com ela . A  trouxe de volta. Só que eles haviam levado suas coisas também, moveis de quarto, máquina de costura e outras coisas e acabaram ficando com boa parte dessas coisas por uma ninharia. Mas tudo bem, já que para onde iriamos, era muito pequeno e não ia caber.
- Até aquela data, eu nunca havia recebido ajuda nenhuma de ninguém, vizinho, amigo, nada, nunca ninguém foi me oferecer um pedaço de pão amanhecido. Me dar um abraço, ouvir minhas queixas, dar o ombro pra eu chorar, nada.
- Somente cinco meses depois do AVC da minha mãe é que eu me permiti desabar, chorei na frente do Vicente, até então estava só resolvendo tudo sozinha. Consegui com a ajuda da Marli, filha da melhor amiga de minha mãe Dona Linda, a aposentar minha mãe por invalidez e me tornei procuradora dela e do meu pai. Ele havia deixado sua aposentadoria por invalidez, para que minha mãe recebesse. Me emanciparam e me tornei arrimo de família com 17 anos.
- A mãe da minha amiga Ana Lúcia, alugou um cômodo com banheiro para nós, no Jardim Satélite, sem fiador e sem calção. Ficava no mesmo bairro em que o Vicente morava. Um lugar  muito longe do centro, muito ruim, para quem precisava  ir procurar emprego. Tive que me desfazer de muitas coisas de minha mãe, sei que deve ter sido muito doloroso pra ela.
 - Foi muito constrangedor para mim, quando a sobrinha do Vicente, Daniela, com três anos, foi lá em casa e  perguntou: Cadê o resto da casa?
- Tentei trabalhar em vários lugares, loja de pisos e revestimentos, loja de móveis, tentei vender títulos de capitalização, ser relações públicas, num escritório de telefonia. Mas nada estava dando certo. Então por muito pouco, que eu não me joguei de lá de cima da construção do heliponto do  Edifício Saint Jaimes. Nesse dia,  eu estava visitando as obras inacabadas do heliponto, com meu colegas da CLA-M, escritório que ficava no mesmo edifício, isso me passou pela cabeça, afinal, minha vida estava tão desgraçada.
- Quando estava tudo certo para nos casarmos
, eu estava trabalhando no consultório dentário do Dr Altamirando Negrão Palma. Esse que esta em pé aí na foto.




Ele era o presidente do esporte Clube São José. Os pais dele tinham sido meus professores no ginásio: Professor Palma de português e Dona Jandira de matemática.

Nos casamos no dia 30 de Janeiro de 1982
Usei pouco maquiagem, porque ele me disse que se eu aparecesse muito maquiada não se casaria comigo. Mais um ``Alerta vermelho`` que a gente não percebe, quando estamos apaixonadas. Eu gostava de maquiar, mas ele dizia que eu parecia um pavão. então passei a usar menos.

Aos 20 aninhos num Camping em Ubatuba. Num raro momento de idas à praia, durante o meu namoro.



Eu fiquei tão magrinha antes de me casar, mas em parte é porque eu passei muita fome mesmo. Desempregada e tendo de comprar remédios caros para minha mãe, pagava aluguel, e tudo o mais que uma casa necessita. A comida da vizinha cheirava tanto e eu ali passando fome bem ao lado, sem sequer comentar para ninguém. Cheguei a roubar bananas da geladeira de um patrão, era um escritório de uma imobiliária chamada Luiz Roberto Porto, e na cobertura tinha um lindo jardim com uma arara, as bananas eram a comidinha dela. Mas é que eu, na  hora do almoço, não tinha nada para levar na marmita. Tenho trauma de ter de comer de marmita. Não posso nem ouvir falar nesta palavra. Mas ninguém podia nem imaginar, o que eu estava passando, por que eu não falava nada pra ninguém.

Aos 19 anos em Cosmorama pela primeira vez.



- Com poucos meses de namoro, ficamos noivos, ganhei um anel de brilhante dele. Fez questão que eu conhecesse a família dele toda, inclusive a irmã que morava na sua terra natal em Cosmorama, interior de SP. Fomos então para lá, ele falava tanto desse lugar...Mas achei aquele lugar um tédio, nada para fazer, só mesmo namorar no banco da Avenida Ipiranga, ali no Bairro da estação, onde ela morava. O calor era tanto que ao sair do banho, meu cabelo já  estava seco. Senti que não fui bem aceita, nem por ela, nem pela minha sogra, que me recebeu friamente. Fazia pouco tempo que a minha vida tinha virado de cabeça para baixo e eu ainda não tinha absorvido bem, tudo aquilo, havia perdido meu emprego dos sonhos, estava passando fome, com gastrite nervosa, sentia muita dor de cabeça, muitas dores na coluna, por ter adquirido alguns bicos de papagaio ao ter que carregar a minha mãe, (que demorou a firmar as pernas) e cheia de problemas para resolver. Por muitas vezes o Vicente empunha as mãos sob minha cabeça e orava, pedindo a Deus por minhas dores de cabeça, que  eram fortíssimas. Só por aí, já  dava pra se ver a nobreza de caráter da pessoa. Ele chegou a me levar no consultório de seu médico e amigo, o neurologista  Doutor Fernando Scalhi, que me prescreveu um relaxante chamado Frision. Teve um dia que desesperada eu havia feito um coquetel de barbitúricos e mandei para dentro, deixando o Vicente apavorado. Ele tinha lembrança de um amigo de juventude, o Muca (Edemur), que tinha feito isso e já tinha até comentado comigo. Sei que foi uma atitude egoísta de minha parte, por que minha mãe precisava de mim, para cuidar dela, mas eu não estava aguentando tanta coisa. Fiquei alguns dias na minha cunhada Maria Antônia, a pedido do Vicente, ela cuidou de mim, com muito carinho, depois que melhorei fomos à São Paulo na casa de uns amigos dele: João Salgado e Dora, o João havia trabalho no Banco Nacional com o Vicente. Uma vizinha deles, estava na casa,  quando chegamos. Ela era espirita, olhou para mim e viu alguma coisa, que nunca soubemos o que era, mas disse: Ela vai dar trabalho. Eu ainda estava sobe os efeitos dos remédios, me senti mal e fui levada para o quarto pra me deitar. Tive um sonho esquisito, com um lugar, tipo cemitério, névoa e frio. Muito tempo depois soube que: Eu havia visitado o umbral. Nós costumávamos ir as missas de Domingo de manhã no meu bairro, na Paróquia Sagrada família na Vila Ema. Durante as missas eu só sabia chorar. Perguntava pra Deus o porque de estar passando por tudo aquilo.



Hoje em dia relicário Padre Rodolfo Komorec.



Comecei minha carreira meteórica de modelo, na mesma época em que a XUXA começou.



-Eu havia conseguido uma pessoa chamada Maria, para morar com a gente, enquanto eu estava trabalhando, ela cuidava da casa e da minha mãe e eu podia trabalhar sossegada. Ela morou com a gente sete meses. Um dia  eu torci o pé no trabalho  e como não sabia que podia me afastar do trabalho, por que me era garantido por lei, por ser acidente de trabalho, comecei a faltar e fui demitida. O Fábio por alguma razão que eu ainda não sabia, começou a espaçar o tempo de vir me visitar. Nesse meio tempo, eu conheci o Vicente, no Banco Nacional. Eu não sabia, mas ele era irmão do gerente, Donizete. Um dia, ele fez questão de me atender, não era sua função, atender o balcão, mas era sua chance de se aproximar de mim. Nosso amor nasceu daquele olhar. Eu fiquei desconcertada. Num outro dia em que  precisei ir ao banco mesmo com o pé engessado, acabei chamando  ainda mais, a  atenção dele, que prometeu ir em casa, me visitar. Ele era o tesoureiro lá do banco. No dia em que ele esteve em minha casa, no horário de almoço, o Fábio estava lá, mas eles não se viram, porque ficamos na varanda e o Fabio estava almoçando na cozinha. Na medida em que o Fábio foi se afastando o Vicente foi se chegando e me ganhou. De fato tudo começou numa troca de olhares no primeiro dia em que nós vimos. Foi amor à primeira vista. Pouco tempo depois, eu fiquei sabendo que o Fábio ia ser papai, sua ex-namorada estava grávida e ele resolveu assumir, deixando o caminho livre pra nós dois. E assim, nós  elegemos um dia pra dizer que é  nosso e neste  dia, é que comemoramos, procurando tornar especial. Enquanto namorávamos,  fiz curso de modelo e antes para relax um pouco a tensão eu já cursava  jazz. Lembro-me que na noite de minha estreia na apresentação de Jazz, havia combinado de depois da apresentação irmos todos para uma lanchonete festejar, mas o Vicente foi até o banheiro falar comigo e não permitiu que eu fosse. Disse que eu tinha que sair com ele e acabei saindo, mas contrariada. Ali naquele momento ascendeu um luz vermelha na minha cabeça, eu me senti oprimida. 
 - Quando contei a ele que havia me matriculado no curso de modelo e manequim,  ele me disse: Porque você não me pedi primeiro? E eu respondi: Porque você não é meu pai pra ter que lhe pedir. Até parece mesmo, que eu ia pedir permissão pra namorado pra fazer alguma coisa nessa vida, faz me rir. Não tem nem graça isso!

 - Aos 16 anos, eu havia sido convidada para ser candidata a miss São José dos Campos, mas minha mãe não deixou, agora a dona da loja onde fui trabalhar, me pedia para participar do concurso de miss comércio, representando a loja. Como eu já tinha 18 anos, pude decidir  por mim mesma. Como o premio era uma bolada boa para quem estava querendo se casar, topei. Eu mesma desenhei o modelo do meu vestido e levei a uma costureira que me indicaram, lá do bairro.  Tive a sorte de ainda ter este tecido lá em casa, ele era do tempo em que minha mãe comprava, cortes e mais cortes de tecidos e guardava para uma ocasião especial. Ficou lindo, mesmo não sendo bordado, como naturalmente seria, se mamãe pudesse ainda bordar com pedrarias.  Com certeza, ela gostaria de poder fazer isso. Ela bordava para alguns estilistas da região.

            Já pensou, se a mamãe tivesse deixado?







 - Minha colega de trabalho,  Júlia, um dia me chamou a atenção para uma capa da revista Manchete, ela disse: quem será está menina de cabelinho de milho e orelhas de abano ao lado do Pelé? Era a Xuxa, começando sua carreira de modelo, aos 17 nos. Não tive a mesma sorte dela, não tive um Pelé na minha vida para alavancar minha carreira.  E também nos dias de minhas apresentações de jazz, esquecia completamente a coreografia, não tenho a menor ideia do que viram. Só sei que o Sesc estava lotado.



                                               Desfiando na minha formatura de modelo.



                                                                Apresentação de Jazz no Sesc.

- Quem sabe eu teria chegado ao topo, rs



Era o sonho de muitas meninas naquela época, mas nunca foi o meu. O meu era mais simples: casar, ter dois filhos e dar aulas para crianças. 




- Quem sabe o meu destino tivesse sido totalmente diferente do que foi. Só ia ficar viajando, curtindo, bem vestida, comendo bem e conhecendo pessoas interessantes.


Minha mãe teve um AVC e eu virei arrimo de família aos 17 anos. Isso significa que a pessoa sustenta a família, sendo a única que trabalha.



- No fim daquele ano minha vida teria mais uma mudança drástica, minha mãe teve derrame (AVC), precisei faltar muitos dias no trabalho para cuidar dela, ela ficou um mês internada até se recuperar.  Enquanto isso, minha amiga Valéria ficava comigo durante a semana e nos fins de semana, íamos para a casa dela. Mas depois que o meu pai apareceu dizendo que ia fazer isto e aquilo, ela se afastou e foi cuidar da vida dela. No fim ele voltou a sumir e suas promessas caíram no esquecimento. Em casa,  não havia ninguém para me ajudar a dar um banho nela, a lavar toda a roupa suja, fazer comida e fazer as compras. Meus amigos todos sumiram lá de casa. Eu me vi completamente só. A única pessoa que ficou umas duas semanas comigo, foi minha tia e madrinha Edivina, mas ela morava no Rio de Janeiro e também precisava ir embora, cuidar do tio Zezinho irmão da mamãe, que há anos, tinha tido um AVC, doença hereditário nessa família, meu avô também tinha tido. Tia Edivina tinha cuidado dele, que morou com ela. Reuni forças nem sei de onde para cuidar de minha mãe. Nunca alguém próximo a nós,  perguntou, se eu estava precisando de algo. Me ofereceu ajuda ou me disse, pode contar comigo. O padre Tarzan levou algumas cestas básicas pra nós enquanto eu resolvia a parte financeira. Eu tinha reatado um namoro com um daqueles namorados que eu tive a tempos atrás e ele parecia ser a pessoa certa para estar ali comigo, naquele momento. Ele também tinha sua vida em Mogi das Cruzes e só podia vir me ver nos  fins de semana. Fabio apesar de baixinho, tinha tudo para ser o meu príncipe. Depois de algum tempo, ele me acompanhou a uma consulta no ginecologista, eu tinha decidido ter vida sexual e ia começar a tomar a pílula, comecei, mas nada rolou entre nós.
- No Banco em que minha mãe tinha conta, eu conheci um dos gerentes, Donizete. Ele era muito atencioso e tentava me ajudar, a resolver problemas da conta dela, enquanto isso, eu estava sendo observada por mais alguém, que trabalhava lá no Banco.