Kelly a cadelinha preta e seus amigos
- Numa
tarde ensolarada, meu filho Lucas e eu saímos para ir ao bairro vizinho, buscar
meu secador de cabelo no conserto. Ainda na rua de casa, encontramos uma
cadelinha preta, bem peluda, que já há alguns dias ficava no meio da criançada
da rua de casa, enquanto jogavam vôlei.
Muito
mansinha começou a nos seguir. Vi que ela estava cheia de carrapicho e parei
para tirar. Depois disso, ela nos seguiu de volta até nossa casa, sempre
assustada, ia procurando por todos os lugares algo para comer.
Ao
chegar em casa, achei melhor dar leite e pão, como forma de gratidão por sua
companhia. Ela tomou e foi embora.
No
outro dia, ela apareceu lá em casa logo cedo. Comentei com meu marido, que ela
devia ter vindo procurar pelo leite. Então ele disse:
- Por
que você não deu ainda? E assim, comecei a dar-lhe leite todos os dias. Podia
vê-la, lá fora atrás da grade olhando pra nós e esperando pelo leitinho. Nós já
tínhamos uma cadela linda, de pelagem amarela e olhos verdes, que se chamava
Úrsula. Logo que me casei, ganhamos a Úrsula, ela estava com quarenta dias
de vida, quando chegou. Mas agora já era adulta.
Kelly apareceu na nossa vida como uma coisa boa. Ficava atrás da grade olhando do portão.
Kelly apareceu na nossa vida como uma coisa boa. Ficava atrás da grade olhando do portão.
-Durante
uma semana de chuva, achei melhor deixá-la na garagem. Aos poucos começou a
entrar em casa, até perto da porta, até que ela foi se chegando cada dia
mais e assim, Úrsula foi também aceitando sua presença. Dentro da cozinha, ela
ficava pertinho de mim, enquanto eu lavava a louça. Quando meu outro
filho chamado Mateus passava perto de mim, ela sentia ciúmes e pulava nele
querendo morder, mas não era de verdade. Logo ela parou com isso e com o passar
do tempo foi entrando para o resto da casa.
- Já
que ela estava ficando por lá, dei-lhe um banho. Emprestei a corrente do cachorro
da vizinha e levei-a ao veterinário. Pelos dentes, ele disse que ela devia ter
um ano.
- Um
dia percebemos que ela ia ter filhotes. Então pedi ao meu esposo pra fazer uma
casinha pra ela.
Foi
engraçado, parecia que ela sabia que aquela casinha seria pra ela. Passado dois
meses nasceram oito cãezinhos todos pretinhos e peludos, parecidos com ela, não
foi difícil arranjar dono para eles.
- Um dia o Mateus me contou que ele e o
coleguinha Alan, estavam cuidando de um gatinho que encontraram no meio do mato.
Eles levavam leite todos os dias, e fizeram um esconderijo pra ele se abrigar
da chuva. Estavam querendo trazê-lo para nossa casa, e me perguntaram se podia.
Meu medo era da Úrsula e da Kelly não o aceitarem, mas acabei deixando.
No
começo, de fato não foi fácil, a Úrsula detestava gatos e eu tive que ter muita
paciência para conversar com ela. Mostrar o gatinho e dizer: esse é o Andrews,
o gatinho do Mateus, que veio morar com a gente, nós gostamos dele e
continuamos gostando de você também. Com o tempo ela acabou aceitando. Com a
Kelly não houve problemas e logo podíamos ver todos os três juntos, esticados
no quintal, tomando sol.
Era
engraçado, a Úrsula pegava o cobertorzinho de dentro da casinha e colocava
sobre a vasilha de leite dela, para que o Andrews não bebesse.
Aconteceu novamente mais uma vez, a Kelly
deu cria e teve oito filhotinhos. Cheguei a colocar anúncio no rádio e vieram
22 pessoas querendo um cãozinho.
- Aos
quatorze anos de idade, Úrsula já era considerada um cão muito velho, estava muito
doente e tivemos que sacrificá-la. Eu a levei a clínica veterinária onde lhe
aplicaram uma injeção para dormir. Ela lambeu minha mão, como se despedindo
agradecida pelos bons anos que passamos juntas. No seu olhar pude sentir que
ela sabia, o que estava acontecendo.
- O gatinho Andrews um dia saiu e não
voltou mais, era 1998 e a Kelly estava conosco a uns seis anos, mas como ela
tinha mania de correr atrás dos carros, um dia foi atropelada e morreu. Ficamos
muito tristes, porque sentíamos muito a falta de cada um deles, a casa estava
tão vazia e sem graça, que eu até estava querendo juntar dinheiro, pra comprar um
cãozinho de raça.
Só que logo acabei ganhando uma outra cadelinha branquinha, que parecia de algodão, do jeito que eu sempre sonhei ter, desde criança, mas esta é uma outra história que continua no próximo livrinho.
Só que logo acabei ganhando uma outra cadelinha branquinha, que parecia de algodão, do jeito que eu sempre sonhei ter, desde criança, mas esta é uma outra história que continua no próximo livrinho.
Alice Alves
Rangel Lopes





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