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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Esta foi a primeira estorinha infantil que escrevi:


Kelly a cadelinha preta e seus amigos

- Numa tarde ensolarada, meu filho Lucas e eu saímos para ir ao bairro vizinho, buscar meu secador de cabelo no conserto. Ainda na rua de casa, encontramos uma cadelinha preta, bem peluda, que já há alguns dias ficava no meio da criançada da rua de casa, enquanto jogavam vôlei.



Muito mansinha começou a nos seguir. Vi que ela estava cheia de carrapicho e parei para tirar. Depois disso, ela nos seguiu de volta até nossa casa, sempre assustada, ia procurando por todos os lugares algo para comer.
Ao chegar em casa, achei melhor dar leite e pão, como forma de gratidão por sua companhia. Ela tomou e foi embora.
 No outro dia, ela apareceu lá em casa logo cedo. Comentei com meu marido, que ela devia ter vindo procurar pelo leite. Então ele disse: 
- Por que você não deu ainda? E assim, comecei a dar-lhe leite todos os dias. Podia vê-la, lá fora atrás da grade olhando pra nós e esperando pelo leitinho. Nós já tínhamos uma cadela linda, de pelagem amarela e olhos verdes, que se chamava Úrsula. Logo que me casei, ganhamos a Úrsula, ela estava com quarenta dias de vida, quando chegou. Mas agora já era adulta.




 Kelly apareceu na nossa vida como uma coisa boa. Ficava atrás da grade olhando do portão. 
-Durante uma semana de chuva, achei melhor deixá-la na garagem. Aos poucos começou a entrar em casa, até perto da porta, até que ela foi  se chegando cada dia mais e assim, Úrsula foi também aceitando sua presença. Dentro da cozinha, ela  ficava pertinho de mim, enquanto eu lavava a louça. Quando meu outro filho chamado Mateus passava perto de mim, ela sentia ciúmes e pulava nele querendo morder, mas não era de verdade. Logo ela parou com isso e com o passar do tempo foi entrando para o resto da casa.



- Já que ela estava ficando por lá, dei-lhe um banho. Emprestei a corrente do cachorro da vizinha e levei-a ao veterinário. Pelos dentes, ele disse que ela devia ter um ano.
- Um dia percebemos que ela ia ter filhotes. Então pedi ao meu esposo pra fazer uma casinha pra ela.
Foi engraçado, parecia que ela sabia que aquela casinha seria pra ela. Passado dois meses nasceram oito cãezinhos todos pretinhos e peludos, parecidos com ela, não foi difícil arranjar dono para eles.
- Um dia o Mateus me contou que ele e o coleguinha Alan, estavam cuidando de um gatinho que encontraram no meio do mato. Eles levavam leite todos os dias, e fizeram um esconderijo pra ele se abrigar da chuva. Estavam querendo trazê-lo para nossa casa, e me perguntaram se podia. Meu medo era da Úrsula e da Kelly não o aceitarem, mas acabei deixando.



No começo, de fato não foi fácil, a Úrsula detestava gatos e eu tive que ter muita paciência para conversar com ela. Mostrar o gatinho e dizer: esse é o Andrews, o gatinho do Mateus, que veio morar com a gente, nós gostamos dele e continuamos gostando de você também. Com o tempo ela acabou aceitando. Com a Kelly não houve problemas e logo podíamos ver todos os três juntos, esticados no quintal, tomando sol.
Era engraçado, a Úrsula pegava o cobertorzinho de dentro da casinha e colocava sobre a vasilha de leite dela, para que o Andrews não bebesse. 
 Aconteceu novamente mais uma vez, a Kelly deu cria e teve oito filhotinhos. Cheguei a colocar anúncio no rádio e vieram 22 pessoas querendo um cãozinho. 
- Aos quatorze anos de idade, Úrsula já era considerada um cão muito velho, estava muito doente e tivemos que sacrificá-la. Eu a levei a clínica veterinária onde lhe aplicaram uma injeção para dormir. Ela lambeu minha mão, como se despedindo agradecida pelos bons anos que passamos juntas. No seu olhar pude sentir que ela sabia, o que estava acontecendo.

- O gatinho Andrews um dia saiu e não voltou mais, era 1998 e a Kelly estava conosco a uns seis anos, mas como ela tinha mania de correr atrás dos carros, um dia foi atropelada e morreu. Ficamos muito tristes, porque sentíamos muito a falta de cada um deles, a casa estava tão vazia e sem graça, que eu até estava querendo juntar dinheiro, pra comprar um cãozinho de raça. 

Só que logo acabei ganhando uma outra cadelinha branquinha, que parecia de algodão, do jeito que eu sempre sonhei ter, desde criança, mas esta é uma outra história que continua no próximo livrinho.



Alice Alves Rangel Lopes


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