Pesquisar este blog

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

- De manhã, eu estava fazendo um curso preparatório, no Centro Dandara, para ser admitida no meu próximo emprego, mas na volta  pra casa, estando no mesmo onibus que o Sr Joaquim, que também foi voluntario na APAC, assim como eu, fomos conversando até o Jardim Satélite, onde ele desceu. Recordamos nossos tempos de voluntariado, e como era bom. Nós dois faziamos parte do pessoal que era católico, mas tinha também o pessoal evangélico. Todos nós estávamos ali com a mesma missão, a de ajudar o  nosso próximo, o irmão ali preso, a se transformar, se arrepender, mudar de vida e saber que ainda havia esperança e poderia viver uma vida inteiramente nova com Jesus. Lembro-me que ainda menina, minha mãe ganhou um livro de uma amiga, escrito pelo Dr Mário Ottoboni - Cristo chorou no cárcere.



 Este livro eu li durante o tempo em fiz o curso de voluntariado.  Nele é contada a história, de como começou o trabalho dos voluntários. Eu me orgulho de ter feito parte do grupo de pessoas que trabalhou ali, como voluntarios. Ainda que houvessem rumores de que ali eram feitas correrias de alguns, para que os presos que tinham condições, serem transferidos para lá, pagando um certo pedágio, mesmo assim, tirando os corruptos, ainda era um belo trabalho de quem estava ali pela causa do bem. Ainda bem que, assim que minha amiga Jaqueline e eu, tivemos conhecimento de algumas coisas, fomos atras de conversar com um dos dirigentes que na época eram o Juiz Silvio, o Psicólogo Hugo Veronese e o Dr Manoel Lima junior. Mas naquela época eram só rumores. Tempos depois que eu já havia me mudado para Cosmorama, a bomba estourou e foram filmados, saindo sorrateiramente na madrugada, os presos do primeiro estágio. Acredito que, em nome de pessoas, que nem tenham o conhecimento, do que acontece, coisas são feitas e cobradas. Não acredito que aqueles tres estivessem envolvidos de maneira nenhuma. Na revista Isto é de 20.10.99, foi publicada uma reportagem que fala sobre este assunto:

O fim da mamata

Apac de São José dos Campos não resiste à investigação e fecha


Por decisão do Conselho de Magistratura de São Paulo, a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de São José dos Campos fechou as portas atolada em acusações de corrupção, denunciadas por ISTOÉ em junho do ano passado. A entidade, que funcionava há 25 anos, foi o embrião do modelo de cadeia dirigida por voluntários e é exemplo na área de direitos humanos em vários lugares do mundo. No ano passado, a revista teve acesso a um dossiê que revelara o envolvimento de voluntários em um esquema de venda de vagas. A gravação de mais de 100 fitas deixava clara a conivência dos fundadores da entidade, Mário Ottoboni e Benedito Chaves, com o que ocorria dentro da cadeia. Há pelo menos um ano, a Corregedoria da Justiça, o Ministério Público e a polícia investigavam uma série de acusações de transferência ilegal de presos, tráfico de drogas e concessão irregular de benefícios, como o regime semi-aberto a detentos que não tinham esse direito por lei. Três inquéritos e uma sindicância chegaram a levantar indícios de que policiais, funcionários do Judiciário e voluntários da Apac fariam parte do esquema.
O que motivou as sindicâncias foi o interesse de condenados de outras penitenciárias em cumprir pena na Apac. Boletins de ocorrência registrados na cidade mostram que os presos cometiam crimes quando deveriam estar trabalhando nas oficinas da entidade. Por conta das inquirições, o juiz Joaquim Guilherme do Nascimento, da Vara de Execuções Criminais de São José dos Campos, recebeu ameaças de morte e, juntamente com o delegado Antônio Carlos Pereira Filho, que também comandava as investigações, foi acusado de cobrar dinheiro de presos que desejavam trabalhar no cadeião do Putim. A denúncia era falsa. A partir das investigações do juiz e do delegado a corregedoria decidiu assumir as apurações que culminaram no fim da unidade Apac, de São José dos Campos, que será transformada em uma penitenciária feminina. Segundo o juiz auxiliar Luiz Fernando Nishi, a gota d’água foi a descoberta da transferência de um empresário recolhido na Casa de Detenção para a Apac, com pedido feito a partir de documentos forjados. “Não temos nada contra a filosofia da Apac, mas precisávamos acabar com o ganha-pão ilegal de muita gente que tinha se especializado em transferir, ao arrepio da lei, presos que deveriam ficar em penitenciárias para a entidade”, afirma Nishi.


Nenhum comentário:

Postar um comentário