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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Com 11 aninhos já sofrendo por amor.



Ah! O primeiro amor! Aquilo que nos torna mais bonitas, que põe um brilho em nossos olhos e nós faz querer viver, aconteceu para mim aos 11 aninhos.
O meu primeiro beijo pra valer foi no Parque Santos Dumont, ele era amigo do meu primo Eduardo. Era loiro, de olhos azuis, cabelos de anjo. Foi uma paixão que para mim durou muitos anos, eu não podia vê-lo, que meu coração ficava aos saltos.
Ele chegou a ficar na mesma sala de aula que eu, sentava na minha frente, mas logo tratou de mudar de escola, ainda bem, senão, não havia a menor possibilidade de prestar atenção em qualquer outra coisa que não fosse nele.


- Este foi o ano em que vi meu pai pela ultima vez, depois ele pegou seu caminhão skania zero km, que havia comprado com o dinheiro da venda de nossa casa própria e sumiu no mundo, sem mandar notícias. Talvez tenha sido por isso também, que  foram minhas ultimas férias em casa de parentes no Rio de Janeiro.




                                                      Rogerio Marcos Rodrigues De Almeida



Fiquei com trauma de cortar o cabelo.



Como minha mãe não tinha paciência de pentear meu cabelo, ela cometeu um ato insano, mandou cortar curtinho, eu odiei ela por isso. Aos 10 anos fui batizada e fiz primeira comunhão, estava indo na preparação da primeira comunhão desde os 8 anos, com a minha vizinha e coleguinha Salete, num lugar meio distante chamado: Externato São José, era um colégio de freiras. Eu amava ver as estátuas de santos que havia lá. Assim como na Paróquia Sagrada Família lá do meu bairro.


Meu primeiro carnaval foi aos 8 anos na Associação Esportiva São José em São José dos Campos.

Eu era uma criança quietinha, que tinha vergonha de fazer perguntas para a professora, por que ela gritava muito e chamava alguns de meus coleguinhas de burro. Eu gostava mesmo era de desenhar, criava minhas próprias estorinhas e como gostava muito das bonecas de papel,fazia as minhas próprias bonecas  e as roupinhas também.
O  pior era que a professora,
tinha seus favoritos a quem dava mais atenção sem ao menos disfarçar. Em vez de gostar de estudar eu fui pegando raiva. Ainda mais poque minha mãe me fazia ficar as tardes inteiras estudando, fazendo as tarefas, respondendo os questionários, decorando a tabuada. Bom mesmo, era sair de férias e viajar com o meu pai de caminhão ou de carreta para casa dos meus tios no Rio. Lá eu ganhava presentes, tinha um pouco de liberdade e ainda aprendia muita coisa interessante, como por exemplo, fazer um relógio de macarrão, num prato de papelão, pintado de color get, que me foi ensinado pela minha tia Edna.
Nesta foto, estou com um vestido que ganhei da minha vó, a madrasta do meu pai, Rizomar. Minha tia Natália passava para mim, todas as fantasias de minha prima Carmem Lúcia que não serviam mais pra ela. Assim, eu podia pular o Carnaval em São Jose dos Campos no clube Associação esportiva.

Meu convívio com meus primos, era o que eu gostaria de ter com meus irmãos.

Em compensação passei dois aniversários na casa de minha tia Natália. Ela me preparou  belas festas, e mandou fazer uma roupa da moda. Naquela época,  era uma calça pantalona azul, minha cor  favorita. Também pude pela primeira vez na vida, escolher meu próprio sapato. O bom de ser criança, é que preparam tudo pra você, bolo, doces, convidam as pessoas e elas trazem presentes. É só aproveitar o momento. Por que depois que a gente cresce, as pessoas mal telefonam, as vezes te mandam "Feliz aniversário!" pela rede social, mas não se dão ao trabalho nem de ir até a sua casa, para te dar um abraço.
 - Com meu primo Paulo Sergio, eu passava a maior parte do tempo assistindo TV, a programação no Rio, era de dias mais adiantados do que em São José dos Campos e ainda tinha alguns programas, que não passavam lá. Nossos programas favoritos eram estes desenhos e filmes:



























Nesta foto, estou com meus primos: Paulo Sérgio, Claudio, Helton e a prima Carmem Lúcia.


Um desejo de criança, não realizado.

Passar as ferias no Rio de Janeiro com tias e tios tão carinhosos, primos e primas para brincar e passeando muito, me divertindo muito, era tudo de bom. Mas naquele primeiro natal, eu esperei que meu pai viesse pra me buscar e como ele não veio, o papai noel não passou, na casa da minha tia Celina e eu fiquei muito frustrada, por não ganhar a boneca Tippy com seu cavalinho e seu triciclo.






Minha casa era alegre, eu cresci ouvindo muita música boa.

Já a minha mãe era sempre brava comigo, gritava muito, ameaçava sempre e me batia por qualquer coisa, então eu não morria de amores por ela é claro, mas respeitava, pra não perder os dentes, coisas das quais ela cuidou muito bem, por ter sofrido muito na infância, nunca descuidou dos meus dentes, me levava regularmente ao dentista e sempre me cobrava pra escovar direitinho. A unica hora em que ela era carinhosa era na hora de me acordar. Ela tinha tido uma infância ruim, aos 8 naos já ajudava o pai no bar. Sua mãe abandonou ela, a mais velha e seus tres irmãos menores e partiu com outro homem, segundo ela contava, sem olhar pra trás. Hoje penso, que minha mãe, como não teve amor de mãe, não sabia dar. Sua preocupação maior era com a minha alimentação e vestimentas. Das coisas que ela me contou de sua infãncia, uma delas é que só tinha dois vestidos. Uma vez, teve uma dor de dente tão tão grande , que abriu o dente com um alicate. Dá pra imaginar o grau de sofrimento? Que quando moça, pegou uma vez o vestido de minha tia emprestado para ir ao bailie, mas que foi descalça, porque não tinha calçado. No Natal seu presente era uma maça. Seu pai não deixava ela estudar, dizia que, quem estudava não prestava, e ela louca pra estudar, fez até o segundo ano só, ainda assim, escondido do pai. Casou-se para sair de casa, foi mãe aos 16 anos, uma das primeiras a se desquitar em SJC, sofreu preconceitos e com a lingua do povo. Seus filhos foram criados pela sogra e depois em colégio interno. Teve que se manter sozinha, bordando e fazendo bolos e salgados para fora, até conhecer meu pai.Em vista de tudo que já tinha passado ela agora devia ser muito mais feliz, porque tinha uma casa, que ao meu ver era a mais bonita da rua, pelo menos, os nossos vizinhos ao que me lembro, não tinham TV, nem móveis bonitos como os nosssos, também não tinham radio-vitrola

e nem ouviam música, como nós, que tínhamos muitos discos de tudo quanto é estilo musical. Minha mãe era alegre e cantava a plenos pulmões, suas músicas favoritas. Uma delas era: a marvada pinga, música de Enezita Barroso.

Marvada Pinga
Inezita Barroso

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Com a marvada pinga
É que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dou meu taio
Pego no copo e dali nun saio
Ali memo eu bebo
Ali memo eu caio
Só pra carregar é que eu dô trabaio
Oi lá
Venho da cidade e já venho cantando
Trago um garrafão que venho chupando
Venho pros caminho, venho trupicando, xifrando os barranco, venho cambetiando
E no lugar que eu caio já fico roncando
Oi lá
O marido me disse, ele me falo: "largue de bebê, peço por favô"
Prosa de homem nunca dei valô
Bebo com o sor quente pra esfriar o calô
E bebo de noite é prá fazê suadô
Oi lá
Cada vez que eu caio, caio deferente
Meaço pá trás e caio pá frente, caio devagar, caio de repente, vô de corrupio, vô deretamente
Mas sendo de pinga, eu caio contente
Oi lá
Pego o garrafão e já balanceio que é pá mor de vê se tá mesmo cheio
Não bebo de vez porque acho feio
No primeiro gorpe chego inté no meio
No segundo trago é que eu desvazeio
Oi lá
Eu bebo da pinga porque gosto dela
Eu bebo da branca, bebo da amarela
Bebo nos copo, bebo na tijela
E bebo temperada com cravo e canela
Seja quarqué tempo, vai pinga na guela
Oi lá
Ê marvada pinga!
Eu fui numa festa no Rio Tietê
Eu lá fui chegando no amanhecê
Já me dero pinga pra mim bebê
Já me dero pinga pra mim bebê e tava sem fervê
Eu bebi demais e fiquei mamada
Eu cai no chão e fiquei deitada
Ai eu fui prá casa de braço dado
Ai de braço dado, ai com dois sordado
Ai muito obrigado!

                                                                Dona Alayde, minha mãe

Sempre na melhor companhia, eu assistia a minha programação favorita.





O meu modelo de Homem, era o que faz tudo, provedor e bem humorado, carinhoso e divertido.

Com o meu pai eu me lembro de ter aprendido muitas coisas como:  engraxar sapatos, varrer direito o chão, cuidar da minha bicicleta, gostar dos animais e de viajar. Ele era sempre  uma pessoa limpa e perfumada.
- Divertido me pegava pra dançar tango na sala, onde também assistíamos os nossos programas favoritos:










Quando estava em casa procurava sempre se ocupar de alguma coisa, fez a casinha do nosso cachorro, concertava o que precisava e também passeávamos bastante. 

Para mim, ele era o homem mais lindo e mais forte do Planeta.

Como toda menina dessa idade eu era apaixonada pelo meu pai, ele era um homem forte, que me erguia com muita facilidade do chão, alegre, divertido e sempre me enchia de presentes quando chegava de suas viagens. Não só para mim, mas também para a criançada da vizinhança.


Eu odiava matemática, até hoje tenho uma certa dificuldade.

Quando comecei a estudar a tabuada, aí que martírio, eu detestava só de olhar para este livrinho.


 Passava as tardes tentando decorar os resultados, enquanto as outras crianças brincavam livremente pelas ruas do bairro. Seria tão mais facil aprender se na época fosse ensinado assim ou com musiquinha, como é hoje em dia.




- Em cada casa costumavam ter uns cinco filhos em média e eu como filha única, era muito cobrada, presa, solitária. Para alguns eu era motivo de ser invejada por ser filha unica, mas só eu sei o quanto era triste,  solitário e sem graça a minha vida. Eu já tinha vontade de morrer desde esta época.