- Dia 1°de Abril - Segunda-feira, dizem que é o dia da mentira, mas para meu filho Lucas, algo supreendente conteceu, conheceu uma pessoa muito especial, que iria mudar muito sua vida. Lane 31 anos, separada, mãe de tres filhos.
- Ela foi a primeira visita dele no apartamento novo.
- Também é o dia do aniversario de minha linda sobrinha Marina, filha de minha irmã Maristela.
- Dia 2 de Abril - Terça-feira - Dia internacional do livro Infantil.
- Quando eu estava com 42 anos, eu quiz deixar registrado num livrinho, o que significou pra nós, tres de nossos bichinhos de estimação e escrevi uma estorinha chamada: "Kelly a cadelinha preta e seus amigos". Nela, eu conto em especial, sobre a vida de uma de nossas cadelas.
- Numa tarde
ensolarada, meu filho Lucas e eu saímos para ir ao bairro vizinho, buscar meu secador
de cabelo no conserto. Ainda na rua de casa, encontramos uma cadelinha preta, bem
peluda, que já há alguns dias ficava no meio da criançada da rua de casa, enquanto jogavam
vôlei.
Muito
mansinha começou a nos seguir. Vi que ela estava cheia de carrapicho e parei
para tirar. Depois disso, ela nos seguiu de volta até nossa casa, sempre
assustada, ia procurando por todos os lugares algo para comer.
Ao chegar em
casa, achei melhor dar leite e pão, como forma de gratidão por sua companhia. Ela
tomou e foi embora.
No outro dia, ela apareceu lá em casa logo cedo. Comentei com meu marido, que ela devia ter
vindo procurar pelo leite. Ele disse:
- Por que você não deu ainda? E assim, comecei a dar-lhe leite todos os dias. Podia vê-la, lá fora atrás da grade olhando
pra nós e esperando pelo leitinho. Nós já tínhamos uma cadela linda, de pelagem
amarela e olhos verdes, que se chamava Úrsula. Logo que me casei, ganhamos a Úrsula, ela estava com quarenta dias
de vida.

- Kelly apareceu
na nossa vida como uma coisa boa. Ficava atrás da grade olhando do portão.
-Durante
uma semana de chuva, achei melhor deixá-la na garagem. Aos poucos começou a
entrar em casa, até perto da porta, até que foi se chegando cada dia mais e assim, Úrsula foi também aceitando sua presença. Dentro da cozinha, ela ficava pertinho de
mim, enquanto eu lavava a louça. Quando meu outro filho chamado Mateus passava
perto de mim, ela sentia ciúmes e pulava nele querendo morder, mas não era de
verdade. Logo ela parou com isso e com o passar do tempo foi entrando para o
resto da casa.
- Já que ela
estava ficando por lá, dei-lhe um banho. Emprestei a corrente do cachorro da
vizinha e levei-a ao veterinário. Pelos dentes, ele disse que ela devia ter um ano.
- Um dia
percebemos que ela ia ter filhotes. Então pedi ao meu esposo pra fazer uma
casinha pra ela.
Foi
engraçado, parecia que ela sabia que aquela casinha seria pra ela. Passado
dois meses nasceram oito cãezinhos todos pretinhos e peludos, parecidos com
ela, não foi difícil arranjar dono pra eles.
- Um dia o
Mateus me contou que ele e o coleguinha Alan, estavam cuidando de um gatinho
que encontraram no meio do mato. Eles levavam leite todos os dias, e fizeram um
esconderijo pra ele se abrigar da chuva. Estavam querendo trazê-lo para nossa
casa, e me perguntaram se podia. Meu medo era da Úrsula e da Kelly não o aceitarem,
mas acabei deixando.
No começo, de
fato não foi fácil, a Úrsula detestava gatos e eu tive que ter muita paciência
para conversar com ela. Mostrar o gatinho e dizer: esse é o Andrews, o gatinho
do Mateus, que veio morar com a gente, nós gostamos dele e continuamos gostando
de você também. Com o tempo ela acabou aceitando. Com a Kelly não houve
problemas e logo podíamos ver todos os três juntos, esticados no quintal,
tomando sol.
Era engraçado,
a Úrsula pegava o cobertorzinho de dentro da casinha e colocava sobre a vasilha
de leite dela, para que o Andrews não bebesse.
- Aconteceu
novamente mais uma vez, a Kelly deu cria e teve oito filhotinhos. Cheguei a
colocar anuncio no rádio e vieram 22 pessoas querendo um cãozinho.
- Aos quatorze
anos de idade, Úrsula já era considerada um cão muito velho, estava muito doente
e tivemos que sacrificá-la. Eu a levei a clínica veterinária onde lhe aplicaram
uma injeção para dormir. Ela lambeu minha mão, como se despedindo agradecida
pelos bons anos que passamos juntas. No seu olhar pude sentir que ela sabia o
que estava acontecendo.

- O gatinho
Andrews um dia saiu e não voltou mais, era 1998 e a Kelly estava conosco a uns seis
anos, mas como ela tinha mania de correr atrás dos carros, um dia foi atropelada
e morreu. Ficamos muito tristes, porque sentíamos muito a falta de cada um deles,
a casa estava tão vazia e sem graça, eu até estava querendo juntar dinheiro pra
comprar um cãozinho de raça. Só que logo acabei ganhando uma outra cadelinha
branquinha, que parecia de algodão, do jeito que eu sempre sonhei ter, desde
criança, mas está é uma outra história que continua no próximo livrinho.